terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mercadante diz que desafio é alfabetizar na idade certa


O ministro da Educação Aloizio Mercadante
Foto: O Globo / Ailton de Freitas

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, quer dar um bônus em dinheiro para escolas da rede pública que atingirem metas de alfabetização de crianças com idade até 8 anos. A proposta fará parte do programa Alfabetização na Idade Certa, a ser lançado em breve. Outra prioridade, segundo o ministro revelou nesta sexta-feira, será aperfeiçoar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mudando a forma de correção das redações.
Em entrevista ao Jornal O Globo, Aloizio Mercadante, respondeu algumas perguntas muito interessantes:

Quais são os principais problemas da educação no Brasil?
MERCADANTE: O primeiro grande desafio educacional do Brasil, que vai ser uma das marcas e prioridades da nossa gestão, é alfabetizar na idade certa. Se a criança não está alfabetizada, não domina as primeiras contas, o futuro educacional está comprometido.

O que será feito?
MERCADANTE: Vamos lançar um programa, criar estímulos, estabelecer metas, avaliar o desempenho. Se você resolver isso, cria condições muito melhores para superar o analfabetismo funcional que está ao longo de toda a rede educacional hoje.

No que vai consistir o novo programa?
MERCADANTE: Desde monitores para acompanhar o processo de formação das escolas envolvidas até a formação continuada dos professores no processo de preparação para a alfabetização, material pedagógico estruturado, bônus para as escolas que performarem as metas estabelecidas. Estamos concluindo as discussões.

Bônus em dinheiro?
MERCADANTE: Pode ser inclusive em dinheiro. É muito mais barato aprimorar as condições para as escolas alfabetizarem na idade certa do que tentar recuperar as crianças que não aprenderam a ler e escrever. Para o Estado brasileiro, é muito mais eficiente e econômico dar toda a contrapartida possível para resolver essa meta.

Há dinheiro para isso?
MERCADANTE: Se eu colocar menos (dinheiro no bônus) do que vou gastar com as crianças que vão ter repetência e aceleração, economicamente estou aumentando a eficiência do gasto público.

Como o senhor vai saber se as crianças foram alfabetizadas?
MERCADANTE: Avaliando. Vamos criar uma metodologia de avaliação pedagógica das crianças.

O que o senhor pensa sobre o Enem?
MERCADANTE: O Enem é muito importante para a educação brasileira. Basta olhar para qualquer país da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico): todos têm um instrumento semelhante. O Enem é um processo recente, portanto, sujeito a erros, mas houve uma melhora importante na logística. O MEC não tem culpa de o Brasil ser tão grande e tão diverso.

O senhor pretende mexer no Enem?
MERCADANTE: Um elemento que vai ter que ser aprimorado é a correção da redação. Como a correção da redação tem sempre uma certa subjetividade, precisamos criar procedimentos de rigor e critérios de correção que deem mais objetividade, que diminuam o desvio-padrão na correção.

Como será feito isso?
MERCADANTE: Temos várias propostas sendo analisadas.

O senhor está pensando em aumentar o número de pessoas que avaliam cada redação?
MERCADANTE: É uma das hipóteses.

Hoje são dois avaliadores que leem cada texto e, em caso de disparidade, um terceiro entra em cena.
MERCADANTE: Isso mostrou que não é suficiente para o nível de exigência que o Enem precisa. Vamos aumentar o rigor e a convergência na análise para ter mais objetividade na redação, que é um dos pontos vulneráveis no sistema. Agora, o que é muito importante dizer para os alunos: continuem estudando, porque o que vale mesmo é estudar.

O projeto de Plano Nacional de Educação enviado ao Congresso pelo governo prevê aumentar o investimento público em ensino para 7% do PIB, embora entidades do setor reivindiquem 10%.
MERCADANTE: O que nós temos de novo para poder dar um salto: o pré-sal. Os royalties são para você preparar a economia pós-petróleo. Porque o pré-sal é uma energia não-renovável. As futuras gerações não terão acesso. O que podemos fazer era vincular pelo menos 30% dos recursos do pré-sal para educação, ciência e tecnologia. Municípios, estados e União. E fazer um grande pacto de que pelo menos durante uma década a prioridade vai ser investir em educação.


POR: Jornal O Globo.

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